12.10.06

meu herói

Machuquei meu dedo num chute mal calculado na mão de samurai do meu mestre. Ele passa bem, nem sentiu. Eu passo mal, mas alguns dias de imobilização hão de resolver. Adoraria dizer que houve uma fratura dramática, mas foi só um contusão forte mesmo. Isso tudo é detalhe. A bola roxa no pé é detalhe, a brava entrada no centro médico, arrastando o membro danificado, é detalhe, a cadeira de rodas em pleno Barrashopping, arrebanhando tantos olhares e sorrisos caridosos, é detalhe, o raio x na ala infantil, cercada de crianças e bichinhos, é mero detalhe. Tô escrevendo pra saudar meu héroi. Tô lá sentada na academia, com um sacão de gelo no pé, quando vejo entrar Marena e Miguel. Tinham ido conhecer a academia. Tudo desculpa pra me ver lutar. Tento levantar e quem disse que o pé firma no chão? Derrotada, resolvo pegar um táxi e os dois fazem pouco caso, dizem que é tão pertinho, logo ali. Logo ali pra quem não tá fazendo força pra não chorar, mas tudo bem. O Miguel argumenta que tá muito trânsito, vai demorar horas, por que eu não vou no colo dele? Só pode estar de gozação com a minha cara, né? Mas ele insiste, eu não tenho um tostão e resolvo ver até onde ele vai. E não é que veio até a minha casa? Dá pra imaginar a cena? Eu, de cavalinho, pelas ruas. O Miguel arfava, mas, como o saudoso Bretão, resistia. Marena nos acompanhava na maior naturalidade, de vez em quando arrumando o chinelo que ameaçava cair do meu pé. Admito que a presença da Marena me deu uma certa tranquilidade. Não era uma doida na garupa do namorado. Era uma moça digna, ferida, sem alternativa. O Bretão - ai, desculpa, Mi, fui pensar no Bretão e agora vou ter que te chamar assim, mas quem conheceu o bicho sabe que é um elogio - quase refugou na ladeirinha de entrada do meu prédio, mas honrou o apelido e foi em frente. Visualizem a cena. Eu, passando pelos porteiros, gloriosamente montada no bravo louro que ofegava logo abaixo. Alguém já subiu 20 andares de elevador nessas condições? Tralalalá, dá um super efeito na freada. Continuem visualizando. Eu, entrando em casa, ainda no louro, bem no meio do jantar. Mamãe, papai, vovó, irmãos, a turma toda. Não entenderam, acharam que era brincadeirinha. Não perceberam que o Br..., quer dizer, o Miguel realmente me trouxe pela rua. Até eu fiquei cansada. É duro manter a posição montando a pelo. Chegamos os dois encharcados. O Miguel, do esforço. Eu, dele. Bom, o textinho é pra homenagear meu héroi, pra agradecer, pra registrar o feito histórico. Também pra dizer que tomei gosto. Se alguém se candidatar, estou às ordens. Podemos até organizar um campeonatozinho, um "Não deixe a balzaca cair". Quem se habilita?

5 comentários:

Anônimo disse...

Há muito não lemos aqui nada tão engraçado! Ah, só você mesmo...
Beijos,
Helen

Anônimo disse...

Abriu bem o blog! é demais este texto! Beijos e muito boa sorte!

Anônimo disse...

This last comment was mine. Sorry, dear! Valeria

Anônimo disse...

Banana, queremos novos textos toda semana OK,, bjs Rubinho

Mariana disse...

Toda semana ou até mesmo todo dia, quem sabe?
Aguardo visitas, Bill.
bjs