24.12.16

à nostalgia futura

Dá até preguiça de falar que Natal é tempo de nostalgia e melancolia. Parece que é o que mais e mais gente sente e diz. E com razão. Não tem mesmo como deixar de sentir falta daqueles Natais passados, da casa da avó cheia de gente, daquela multidão que juntava família enorme, amigos e agregados, da maratona que era a festa, passando por amigo oculto, jogral, Papai Noel, tudo em ritmo acelerado, até, ufa, chegar no jantar, na mesa imensa coberta de delícias, na hora de relaxar e aproveitar a companhia uns dos outros até todo mundo ir embora, que Papai Noel só deixava presente no sapatinho de quem dormisse em casa. Enfim, não dá mesmo pra não sentir falta daqueles Natais. Mas a saudade, como a vida, anda pra frente. No futuro, é dos Natais de hoje que sentiremos falta. Destes Natais sem tradição, sem casa certa pra acontecer, de famílias pequenas, de tanta gente faltando, destes Natais em que a maratona não é pra cumprir todas as etapas da festa, mas pra comprar presentes pra quem nem importa, só por obrigação, só pra chegar na grande noite e aí, o quê? Nada. Falta alegria, falta sentido, nem parece que é Natal. Ainda assim, no futuro, estes serão os melhores Natais. Porque a nostalgia, muito esperta, vai trocando saudades antigas por novas e guarda só o que é bom.  Os Natais de hoje, sejam felizes ou não, serão lindos lá na frente. Por isso, mais do que com bolas e luzes, enfeitemos desde já este Natal com a beleza e a saudade que virão do futuro.