31.10.07

a copa do mundo é nossa

A novidade estourou com tudo: Brasil, Brasil, a pròxima Copa do Mundo é no Brasil! As pessoas comemoram pelas ruas, os fogos explodem, a euforia é total. Antenada, a brasileirinha recebe a notìcia em tempo real e não faz por menos. Sobe na cadeira e grita, pro café todo escutar: Brasil, Brasil, é o Brasil, mesdames et messieurs! È isso aì, rapaziada! A multidão não enlouquece, como a brasileirinha esperava, mas e daì? Brasileiro sozinho faz a festa. Brasil, Brasil, grita sem parar a brasileirinha, batendo no coração verde e amarelo. E tanto fez que acabou num hospiciozinho parisiense. Em St. Germain, tà, que a brasileirinha pode ser louca, mas de boba não tem nada. Vai voltar pra ver a Copa, é claro, mas até là, sò pra garantir a hospedagem gratuita, de vez em quando sobe numa cadeira e manda uns Brasiiiiil, Brasiiiiil, que hotel em Paris é muito caro.

ps. A brasileirinha acorda de madrugada com o texto na cabeça. No meio da brincadeira, a carga da caneta acaba, mas a brasileirinha não se dà por vencida e parte pro làpis de olho. Com brasileiro não tem quem possa, mesdames et messieurs!

16.10.07

dos tempos da vovó

Essa é dos tempos da Vovó. A mulher vinha andando pela estrada de terra, com a marmita do marido na cabeça, quando ouviu um barulho inédito. Virou pra trás e viu dois olhos esbugalhados e brilhantes, abrindo alas pro bicho enorme que avançava pra cima dela. Vai me comer, pensou a mulher, e disparou mato adentro. Ficou lá, agachada atrás de uma árvore, tentando descobrir que bicho era aquele. Era um dragão. Mas isso digo eu, que a mulher nunca tinha visto dragão nenhum pra saber. Era um dragão furioso, que rugia e ameaçava quem aparecesse pela frente. Não com fogo, é verdade, mas com buzinadas realmente de assustar. Mas isso digo eu, que a mulher tratou foi de ficar bem quieta pra não atrair a fera. Foi encontrada só no fim do dia pelo motorista do bicho. Tinha comido a marmita.

6.10.07

barriga bonita

Camila pára no meio da sala, encara Mauro e levanta a blusa. Mauro olha pra Camila, morenaça com quem o filho vem saindo. Barriga bonita, pensa, mas logo desvia o olhar. Camila é do filho. Dá o assunto por encerrado, mas bate com o olho na barriga e reconsidera. Pensando bem, os dois saíram só algumas vezes, são quase estranhos. Se ela agora me prefere, fazer o quê? Aí lembra que é pai, que pode tudo menos magoar o filho. Olha de novo pra barriga. Toda durinha, dando vontade de pegar. Vai quase pegando mesmo, mas contém o gesto. Sair já é um passo pra namorar, daí pra casar é um pulo. Que estranha, nada. Camila é quase sua nora, isso sim. Melhor acabar com a brincadeira, antes que Camila se empolgue e aí sabe-se lá onde isso vai dar. Abaixa a blusa, menina, vc vai casar com o meu filho. Como o senhor adivinhou? Tá vendo, eu sabia. E fica aí me mostrando essa barriga? Abaixa a blusa, anda. Primeiro o senhor tem que pôr a mão. Que é isso, a gente não pode. Pode, sim, o senhor tem que sentir. Pai nenhum é de ferro e Mauro acaba agarrando a barriga de Camila, que sorri e diz: Paulo, diga oi pro vovô!