23.6.11

vovó e a cerveja

Lidando com uma penca de enfermeiras que se revezam num ritmo infernal, Vovó, que já gosta de trocar os nomes dos filhos com os dos netos, aprendeu a se defender. Sentindo a chegada da moça do dia, vira-se de costas e pergunta quem vem lá. Sou eu, Doutora, a Fulana. Aí é só associar o nome a alguma coisa bem fácil de lembrar e não se preocupar mais com o assunto. Tem a de nome igual ao da presidente (Vovó não diz presidenta nem sob tortura). Tem a mulher do Príncipe Charles (Vovó ainda se lembra do Príncipe Charles...). Tem até a namorada do Roberto Carlos (Vovó jura que o Rei e a Ternurinha quase casaram). Só Vanessa que não teve jeito. Vanessa é Vanessa, Vovó passa a noite repetindo pra não errar. Vanessa quieta na copa e Vovó na sala, baixinho: Vanessa, Vanessa. Na hora de chamar é só aumentar a voz: Vaneeessa! Vem a novela, Vovó: Vanessa, Vanessa, vem o comercial, Vovó: Vanessa, Vanessa, vem a Sandy, bem loura, bem desinibida, bem gostosa, Vovó: Devaaassa! E vem a enfermeira, morena acanhada, um poço de inibição. Vovó na hora cai em si. Ai, minha filha, desculpe, foi essa cerveja indecente! Você não é nada disso, bem se vê que é moça direita. E a devassa Vanessa: Não tem problema, não, Doutora. Faz um mês que a senhora me chama assim. Já me acostumei.