23.4.20

os miseráveis

Sempre fui atraída por ele. Amava o peso, o número de páginas, o desenho da capa. Comecei a tentar lê-lo pequena. Fracassei, era demais pra uma criança. Fui fazendo tentativas ao longo dos anos.  Lia vinte páginas, desistia. Tempos depois, começava de novo. Lia cinquenta, cem páginas, desistia. Até que, aos treze, li do início ao fim. Passei a amar também a história, além do peso, do tamanho, da capa. Por ter tentado muitas vezes, li mais o início do que o resto. Provavelmente por isso, e também por ser criança, sou fascinada pela parte inicial, sobretudo pela cena da menina maltratada ganhando uma boneca de presente. Do meio pro fim, vou me lembrando menos, o que é bom, pois acabo sempre relendo. Li já algumas vezes, em português, em francês, sempre em edições diferentes. Certamente, vou ler outras mais e continuar a acumular exemplares. Não resisto ao título. O peso, o número de páginas, já não me impressionam mais. Os livros, sim, me fascinam mais e mais. Gosto da diversidade de formas, tamanhos, capas, lombadas, títulos. Volta e meia, privada de livrarias pela quarentena, fico sentada de frente pra estante, olhando meus livros, suas capas, seus títulos, sua disposição nas prateleiras. Hoje especialmente, sendo Dia Mundial do Livro. Em breve, espero, vou voltar a passear entre as mesas das livrarias, rodeada de livros. É como imagino o paraíso.

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