1.4.11

não pode ter nada melhor

Quem já fez spinning sabe como é. Posição um, posição dois, senta, levanta, subindo ladeira, mais rápido, mais rápido. E vc vai entrando num delírio, vc não é uma aluna numa academia, vc tá no meio da selva, lá vem a onça, mais rápido, vc tá no mar, olha o tubarão, mais rápido, vc tá cansada, mas é vida ou morte, mais rápido, mais rápido. Tem hora que vc se sente a tal, pedala feita louca, deixa a bicharada toda pra trás. Aí o cansaço vai apertando, vc não vê mais bicho nenhum, vc tá no fundo do poço. Nisso, o pedal escorrega e vc percebe que não, vc não tava no fundo do poço. No fundo do poço vc tá agora, espatifada no meio da sala, todo mundo em volta segurando o riso. Aí é um corre-corre danado, o professor em estado de choque, o pé violentamente torcido, a vergonha, a vergonha, a vergonha. E vc tenta se convencer de que não foi nada, quem sabe ninguém nem viu, mas por dentro urra, de ódio e de dor. E no meio daquela coisa toda, de repente vem a luz, e não tem mais vergonha, nem ódio, nem nada. Pé imobilizado, quinze dias sem malhação, não pode ter nada melhor.

3 comentários:

maria rezende disse...

SENSACIONAL!! Nunca fiz spinning mas super me identifiquei, com o afã e com o tombão!

tio joão/tiocal disse...

quem sabe está nascendo uma futura campeã de triatlo.

Gui disse...

Isso que da fazer spinning contra os conselhos da mamae.