27.10.06

pessoal

Fomos almoçar no restaurante australiano da moda, aquele da batata maravilhosa e filas intermináveis. A saltitante garçonete vem nos cumprimentar. Tudo bem, pessoal? Tudo bem, pessoal, penso. Já escolheram, pessoal? Ainda não, pessoal. A Pessoal passa o almoço inteiro assim, pessoal pra cá, pessoal pra lá. Numa tarde, deve usar a palavra umas quinhentas vezes, por baixo. Eu, no meu trabalho, gasto no máximo uns dez excelências por dia. Mesmo assim há quem reclame. A Pessoal certamente ficaria horrorizada. Como assim, pessoal, vc chama alguém igualzinho a vc de excelência? A palavrinha mágica, que tantos egos afaga, nuca me incomodou. Ao contrário, acho que mantém a ordem e evita o uso inadvertido de um pessoal ou coisa pior. Nunca me incomodou antes da Pessoal. Agora, chega a me alegrar. Deus me livre de ter que passar o dia dizendo oi, pessoal, tchau, pessoal. Prefiro meu excelência.

19 comentários:

Anônimo disse...

Pior, pras mulheres, é escutar o famoso "E aí princesa??" no meu caso - masculino - o que me mata é o famoso "COLEGA". "E aí colega, vai mais um chopp"???
Colega é o *&%#@^?`{*&¨%$@

Bernardo disse...

São dois casos extremos: um (o do Pessoal) é resultado de uma lavagem cerebral chamada de Treinamento.

Então se estabelece uma forma padronizada de tratamento, que no restaurante da moda tem por objetivo criar um "clima" informal, descolado, aventureiro (Austrália é igual aventura, não é).

Todo mundo vira tudo a mesma coisa.

Já no outro caso o "Excelência" é resultado da arrogância, da prepotência, do nariz em pé, de quem tem por direito trabalhar quando quer, tirar 60 dias de férias, fazer o que quiser, mandar e desmandar sem ter, na prática, a menor responsabilidade sobre nada.

Este é a "Excelência". São todos "excelentes".

Como disse na frente da TV, "Seu" Severino Cavalcanti, ele próprio "A" Excelência:

"Vossa Excelência recolha-se a insignificância de Vossa Excelência".

Grande desafortúnio ter nascido no Brasil.

Agora pior de tudo deve ser "colega de Excelência". Aí, é duro de aturar.

PS: Hoje deixei o lado "Diogo Mainardi" aflorar... claro, sem a camisa azul, sem o charme, sem os cabelos cuidadosamente desgrenhados e sem o mesmo salário.

PS2: Ontem quando chegava para jantar e virei (15 segundos de fama) o centro das atenções ainda na porta da casa, procurei a autora deste blog para me esquivar, com um olhar suplicante de "me tira dessa"...

Meu azar, ela estava justamente atrás da porta, afundada na poltrona, tentando, provavelmente sem conseguir, se esconder do sucesso repentino.

Bernardo.

maria rezende disse...

Está lançada a campanha pelo blog de Bernardo! Se os comentários são assim imagine os textos propriamente ditos! Gente, essa família não pára de surpreender! Tia Nilzinha e eu podemos comemorar, pelo andar da carruagem em breve seremos a "dinastia Rezende" na literatura brasileira! =)

Bernardo disse...

Nada feito...

Nunca tirei mais de 6 em qualquer redação durante todos os meus anos de estudo.

Nunca consegui chegar a vinte linhas de texto, sempre acabava a redação por volta da linha 15, muito provavelmente sem colocar as idéias (não muito boas) de forma clara.

Não entendo nada de gramática, análise sintática, concordâncias, ortografia...

Então fico só dando palpite que é muito melhor, mais engraçado e menos responsável. Não corro o risco de ser levado à sério.

Abraços para todos,

Bernardo.

Anônimo disse...

Mariana, tudo de bom seu texto, mas, doeu na alma o comentário do Bernardo...

Mariana disse...

Aí já é com ele, né? Vcs que se entendam... Eu continuo votando no blog do Bernardo, mesmo correndo o risco de perder meu comentarista no. 1.
bjs

Anônimo disse...

eu acho correto o blog do bernardo e acho que pra não ter um, ele inventa as histórias do 6 em redação. bernardo não adianta, seu blog é pra ontem viu???? laura

Anônimo disse...

ah e o gerardo é juiz e naum entra na descrição do Bernardo não. Ele é o extremo contrário, não tem nariz em pé e nenhuma das outras coisas da derição feita. Aquela descrição é só pra alguns juises bjusss laura

Bernardo disse...

Nada ofensas pessoais.

Por favor, não confundam o individual com o todo.

Não me referi a ninguém em particular, não é essa a questão.

Mas escutei hoje um exemplo interessante:

Um cara aqui do trabalho (evitei a palavra "colega") foi testemunha de casamento do irmão dele, ontem, no Cartório da Penha. Eu vi as fotos, parecia uma prisão!

O esquema é o seguinte: 50 casais (100 pessoas) mais duas testemunhos (mais 100) pessoas, mais os convidados para o "suicídio coletivo", chegam às nove da manhã para pegar a senha. O lugar é a apertado, quente, com grades de ferro como portas. Sem ar condicionado, sem circulação de ar.

Entregues as senhas, basta esperar o "Excelentíssimo" que só chega ao meio dia... isto mesmo, meio dia.

As mais de duzentas pessoas se aglomeram, transbordam para a calçada, transbordam para a calçada oposta. A vidraçaria em frente ao cartório deixa de vender vidro e espelho para vender água para a gentalha... oportunidade comercial sem precedentes! Lucro garantido!

A "Excelência" não está nem aí para ninguém... pode estar quente, pode estar frio, pode chover. Não importa se essas pessoas estão perdendo um dia de trabalho ou seu tempo livre. Não importa que essas pessoas paguem taxas e mais taxas para obter papéis que comprovem isso ou aquilo, são clientes afinal... pagam e querem algo em troca.


Eu acordo cedo todo dia.
Eu estou trabalhando desde as oito da manhã. E trabalho duro.

27,5% do meu salário é descontado NA FONTE, sem direito a reclamação

19% de tudo que compro é para pagar imposto estadual

5% a 15% de tudo que compro é imposto federal.

E eu sou feito de bobo a cada minuto que passa!

Eu sozinho, não... você que lê essa mensagem, também!

Mas ao menos, posso me divertir um pouco pela manhã quando leio as "Croniquetas"!

Abraços para todos, sem mágoas e sem rancores.

Mariana disse...

Bernardo, vc acaba de escrever uma croniqueta. Não perca tempo, faça logo o seu blog.
bjs

Anônimo disse...

eu sempre pensei que sua avó fosse vegetariana. mesmo assim discute sobre bovinos?

Anônimo disse...

no passado qd saimos com alguma garota fraquinha , sempre diziamos: hj vou sair com um pessoalzinho legal.

Anônimo disse...

nao se esqueça de deixar algo pronto, pois nao passo um dia sem ler seu blog, e sei que tem festa em Itaipava

Anônimo disse...

Este blog está mais animado que o 2º turno. Já virou vício! Continuem escrevendo, tá, pessoal?
Beijo Valeria

Bernardo disse...

Mariana,

Sinto muito, "mas você está só nessa empreitada"...

Acho que minhas "Croniquetas" não seriam "light" ou engraçadas, mas um tanto quanto bizarras e talvez até impublicáveis.

Vamos combinar assim: no máximo você levanta e eu corto.

Beijos,

Bernardo.

Anônimo disse...

Eu ainda digo "vou sair com um pessoalzinho". Não sou ultrapassado, apenas popular. Nos subúrbios do Rio só se fala nisso. São Cristóvão, Madureira, Caxias, Xerém; não há mulheres nesses subúrbios, apenas homens e "pessoalzinho".

Anônimo disse...

Penso que essa talvez seja a revolta dos garçons e garçonetes. Nos botecos que frequento, chamo todos os garçons de "tibuçu". No restaurante australiano da moda, nao sei se seria conveniente. Tudo bem. Me vê um refil de coca-cola, pessoal?

Anônimo disse...

É, Bernardo anda revoltado com a vida! ahahahahahaha!

Anônimo disse...

Caramba.
E eu que estava em Sampa perdendo toda esa polêmica! Voltei, pessoal, e vou logo votando no "Blog do Bernardo". Com uma condição: ele continuar na posição de Excelente comentarista do blog da Mariana! (com o perdão do trocadilho)Bjs.