13.12.07

desejo de natal

"Vou ficar acordado até mais tarde pra ver se Papai Noel aparece e me dá um pouco de sorvete de creme." A frase de um menino de rua, numa dessas reportagens de fim de ano, nunca mais saiu da minha cabeça. Entra Natal, sai Natal e eu continuo pensando no menino. Tem mais de vinte anos, mas ainda hoje essa frase me maltrata. Pois vem chegando de novo o Natal e, com ele, o menino. O menino que hoje é um homem, mas que é sempre o meu menino. Onde estará? Vivo, morto, feliz? Quem esperará? O que desejará hoje em dia? O que pensaria se soubesse que passou Natal a Natal comigo? E que meu Natal traz sempre árvore, presente, festa e a dor de que Papai Noel pra ele nunca chegou? Eu e o menino nunca nos conheceremos, mas, como em todo dezembro, já estamos juntos de novo. Que este seja o melhor dos Natais pra ele. Que ele esteja bem, rindo e comendo montes de sorvete de creme. E que Papai Noel, que nunca me falhou, traga de presente este ano notícias do meu menino.

9 comentários:

maria rezende disse...

tão louca a dor de ter, né? de ter sabendo que quase ninguém tem... quase ninguém tem tanto presente, quase ninguém tem tanto amor, tanta alegria, tantas noites festivas, tanta família animada, tanto sorvete de creme.
linda a crônica, e que todos nós consigamos espalhar um pouco de sorvete de creme pra quem deseja!
(aliás, viu o meu post do "papai noel do correio"? vamos lá?)
beijo, maria

Anônimo disse...

Mariana, valeu esperar! Que lindo! A poesia brotou numa realidade tao dura... Estamos chegando! Beijos Valeria

Mariana disse...

louca, inútil e imensa. adorei o comentário. vi seu post, claro, e aproveito pra lançar a campanha aqui também. atenção, leitores fiéis, a cronista não sabe usar link, então aí vai o endereço do post da mariarezende sobre o Papai Noel dos Correios:
http://mariadapoesia.blogspot.com/2007/12/natal-com-sentido-ii.html
Obviamente, clicar no nome dela aí acima também resolve.
Este ano, em homenagem ao meu menino e aos outros tantos que não são de ninguém, vou passar lá. Passem também! Vamos combinar de ir juntas, Maria?

Anônimo disse...

Adorei, realmente: meu menino tem tudo (ou quase tudo), tem a cama quentinha no inverno, tem a cama gelada no verão, tem lápis e caderno novo, tem brinquedos e fitas, tem o amor de mãe, tem comida gostosa, tem avós, tem primos, tem Barão... por que tanta desigualdade? Cada vez isso me incomoda mais. Quem é mãe sabe... a dor do outro é nossa tb. Será possível a felicidade com tanta desigualdade? Meu filho tem direito ao Natal, e o menino, pq não tem?

Ci� disse...

Que coisa mais linda, nana... de encher os olhos de água... bjos, ciça.

Anônimo disse...

24 horas, foi o tempo que me propus esperar para refazer-me do impacto emocional que me causou esse poema prosaicamente desafiador da nossa capacidade de reação.Tentava encontrar o que dizer, não sei, chorar,já não sei, só o que sei é que ainda estão vibrando numa sintonia digna de um Chopin todas as restantes fibras mais sensíveis do meu coração.
O Natal te conceda Paz. E a esse menino, que passoou a ser o nosso menino, os melhores desejos de Felicidade.

Anônimo disse...

Nana, que lindo! Eu te amo de doer, menina.

Anônimo disse...

Esta croniqueta é um poema de amor. Serve de reflexão no aniversário do Menino: quando amaremos o próximo como a nós mesmos? A partir de hoje, a sua dor do menimo será também a minha dor. Sem dúvida, esta crônica foi a coisa mais bonita que ganhei neste Natal.

Mariana disse...

Seu comentário também foi um presente pra mim, anônimo. Feliz Natal!