22.12.06
jogral
Na casa da minha avó, todo Natal tem jogral. Cada um ganha um número e lê um pedaço do texto. Alguns sozinhos, outros em dupla ou em trio. Todos os anos, eu lia com um senhor de voz engraçada, que sempre errava a fala e me matava de vontade de rir. Esse senhor, parente de alguns dos meus primos, costumava passar o Natal lá na vovó. Era simpático, mas fazia sempre as mesmas brincadeiras. Tinha mania de cantar uma musiquinha com meu nome, nunca mudava. Eu achava aquilo um pouco enjoado, mas gostava dele. Ele morreu há alguns anos. Foi quando descobri que era meu parente também. Os outros netos devem ter tido a mesma sensação, porque foram ao enterro sem que ninguém precisasse forçar. Carregaram o caixão espontaneamente e meu irmão nem se importou de ficar com o terno todo sujo de cal. Foi a primeira vez que eu vi minha família toda reunida sem ser Natal. Quem me deu essa visão foi meu companheiro de jogral. Eu sempre ouço a voz dele quando falo nosso trecho.
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20 comentários:
e ele continua errando?
pior que continua.
isso são horas de falar de quem já morreu? É no que dá ser "noctívago"...
anônimo implicante, quem morreu é uma pessoa querida e eu falo dela na hora que quiser.
Gente! Quantos viciadinhos por aqui! Esse pessoal não dorme, inclusive a cronista,que fica de plantão para dialogar com seus "viciados" em blog! Se continuarem assim vou chamar a polícia...
Há opiniões, anônimo último, de que vc pulou da cama e correu pra cá. A dona do blog fica honrada.
Nossa, Nana, fiquei arrepiada, emocionada. Quem sabe de quem vc tá falando deve ter sentido a mesma coisa. Valeu a lembrança, sim, nesta época do ano que não é só festa. Viva o Dr.!
beijo grande
gentem: vcs falam dos mortos com uma naturalidade que assusta.melhor ficar vivo eternamente. sera possível?
Somos uma família só!
Mariana, vi sua dica no meu blog e vim aqui, mas confesso que não esperava esse texto tão lindo falando do vovô. É isso mesmo: quando todo mundo se reúne sem ser festa é que a gente vê que o amor que une essa nossa família é daqueles de dar inveja mesmo. E viva os nossos mortos e suas marcas doces na nossa história!
Obrigada por me lembrar do vovô de um jeito tão carinhoso.
Um beijo, Maria
É curioso ver uma uma família tão grande, com pessoas tão diferentes, se amar e ser tão unida quanto a nossa é.
Orgulho de ser uma Rezende!
Mariana querida
Pouco a dizer, muito a lembrar sempre. Esse tal de vovô Lauro foi marcante prá você, imagina prá mim.
Que bom que ele te deixou marcar tão boas e melhor ainda que você as cultive tão carinhosamente.
Bjs
Tia Mariza
Lindo, Mariana! E pensar que cada um ali vai deixar sua marca,uma coisa qq pra ser lembrada... Deve ser a força do jogral que une vozes e coraçoes.
Bjs
Já me emocionei com o Natal da Mariadapoesia, agora você...
Doces lembranças, queridas lembranças, são tantas. Como diz Bobbio, no Tempo da Memória (que estou adorando ler)somos aquilo que lembramos, nossa riqueza são as lembranças que conservamos, não deixamos apagar e das quais somos o único guardião.Obrigada por evocá-las, Mariana.
Menina, o pessoal sai do ar no Natal, né? Nada de post novo, nem novos comentários, e eu coloquei novidades no meu blog e ninguém passou por lá também! Quero ler mais croniquetas!! beijo, Maria
Não é que o povo tá sentindo a minha falta?
bjs
ps. foto sensacional no www.mariadapoesia.blogspot.com/
Emocionante. Bjos.
... essas datas festivas da Barão são famosíssimas!
Mariana, quanta saudade eu sinto das piadas repetidas e da presença sempre marcante do meu vô. Obrigada pela lembrança, beijos, Bruna
Oi, Bruna, companheira de Natal também.
bj pra vc
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