4.11.06
função dúplice
Vovô era maestro. Chefiava a orquestra nos bailinhos do clube de sua cidade. Do alto do palco, Vovô não bobeava. Ficava de olho nos casais mais assanhados. Assanhado, naquele tempo, era o pobre casal que dançava de rosto colado ou ousava trocar um beijinho na bochecha no meio da pista. Pois Vovô não dava folga. Parava a música, descia do palco e ficava encarando suas vítimas. Ele e o salão inteiro, naturalmente. A atitude gerava revolta nos jovens, mas Vovô não se importava. Aos que reclamavam, lembrando que ele era um maestro e não um bedel, respondia: minha função aqui é dúplice, tocar e fiscalizar. E recomeçava a música e a vigia.
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4 comentários:
na terra de seu avô tinha uma acordeonista na orquestra, cujo pai, ficava cortando as unhas dos pés com canivete durante o baile. a proposito, sua tia marisa leão tb era eximia acordeonista, mas não nessa orquestra, para dirimir qq duvida.
Anônimo, João Carlos? Tá enganando quem?
bjs
pq seria eu?nao sei onde dr. guilherme nasceu e muito menos que a marisa era acordeonista. de qq maneira cortar unha dos pés no meio de um baile deve ter sido sensacional.
Baila comigo, cronista?
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